Monday, December 7, 2009

Viva a burocracia

Eis que recebo em casa uma ameaçadora carta de uma advogada a informar-me de uma dívida à via verde, que a certa altura versava assim: “continua a verificar-se a existência de uma dívida, que ascende já a 1,25 EUR”. ascende já a 1, 25 euros? caralho, até se me gelaram os colhões. 1 euro e 25. como é que eu vou pagar esta merda? pensei eu. e pensei ainda, como é fácil hipotecarmos a vida com dívidas estúpidas.

Aposto que a advogada até devia estar a salivar de gozo ao escrever a carta. “vou entalar este gajo muita bem entalado.” viva a burocracia, que nos proporciona momentos bonitos como este.

Saturday, December 5, 2009

os euros

o que me irrita no euro é que é uma moeda fria. às vezes apetece-me dizer 1000 paus ou 5 contos, mas não posso, simplesmente porque ainda não inventaram calão para o euro. mas é bom que se invente rapidamente, porque isto já me começa a irritar. ok, esta fase foi a do estranhar, mas agora que já entranhámos, está na altura de se arranjar essa merda de calão, que já me está a rebentar a carótida de irritação. não tarda, entro numa de saudosismo e começo a enfileirar ao lado dos velhos salazarentos que querem o escudo de volta. mas eu não quero o escudo, a última coisa que me interessa é o escudo. o escudo é igual ao euro. o que interessa é todo um léxico que gravitava à volta do escudo e que ainda não existe para o euro e do qual tenho saudades. 100 paus, 500 mocas, já não se pode dizer isto, senão há logo um cabrão que diz “isso não faz sentido, agora estamos em euros”. tá bem, caralho, mas se fosses minimamente esperto percebias o que eu quero dizer. foda-se, há alturas em que me apetece despejar uma daquelas metralhadoras rotativas de balas infinitas no meu caro concidadão. eu quero o escudo de volta.

às vezes penso que fazemos de propósito para não aprendermos a fazer contas com os números grandes em euros, porque é o nosso último reduto de calão. é o nosso último balão de oxigénio. quanto é que custa essa casa? 30.000 contos. ah, oxigénio! ar puro. é o único sítio que ainda dá luta à frieza da moeda europeia. claro que muitos de nós sabemos que são 150.000 euros (outros não saberão mesmo), mas já que é o único sítio onde se pode respirar, aproveita-se.

nada contra o projecto europeu. acho até que tá ali uma coisa muito bem feita. pelo menos na ideia. a cena das fronteiras abertas e tal. é uma coisa de rara beleza. mas a cena da moeda ainda não está afinada.

já nem entro naquele palavreado ridículo dos pintores ou dos mel reis, apesar de terem o seu encanto para a palhaçada. mas preciso desesperadamente dos meus paus, das mocas, dos contos a torto e a direito. deixem-me respirar, caralho. senão bem que podem mandar o vosso projecto europeu cos porcos.

Monday, November 23, 2009

Pornografia marroquina

Já sei o que é o porno dos marroquinos: vólei feminino. Liguei a televisão à uma da manhã de sábado e estava a dar um jogo de vólei feminino. Itália-Brasil, ou coisa que o valha, só sei que não envolvia a selecção de marrocos. E num primeiro momento de ingenuidade perguntei-me: mas por que raio estão a dar isto a esta hora? Depois lá me caiu a moeda. Coitados. Não se arranja melhor. Se em pleno Verão as mulheres se vestem assim na praia, o que é que eles hão-de fazer?

E estamos a falar de vólei de pavilhão. O de praia deve ser hardcore e só passa em canal codificado. E como é que se chamará o canal? Playvoley? Uma coisa é certa, o vólei feminino é um desporto que eles acompanham com muito interesse em Marrocos. Por isso, se eu me quiser inteirar sobre o assunto, já sei a quem perguntar.

Wednesday, November 18, 2009

O que interessa é o presente

Diz-se que a memória é curta. E é verdade.

A prova disso é que no médico podemos estar a rogar pragas ao doutor por nos fazer esperar uma eternidade, e dizemos à recepcionista que vamos apresentar reclamação e ponderamos mesmo avançar com uma queixa para o tribunal europeu, mas assim que somos chamados esquecemos logo tudo. É uma alegria que nos invade o peito. É a nossa vez! É a nossa vez! E a recepcionista pergunta “não queria apresentar reclamação”. Ao que nós respondemos “ãh?”, com um sorriso de orelha a orelha. Só pensamos “é a minha vez, é a minha vez!” E já não ouvimos mais nada. Já não queremos saber de nada. É como se nos quiséssemos virar para o resto do pessoal na sala de espera e dizer, qual criança da primária “eu vou ser atendido e vocês nããão... nha nha nha nha, nha nha.” E depois apontando para as pessoas uma a uma: “Tu não vais ser atendida, tu não vais atendida. Eu vou ser atendido!” (dança e canta) “I can hear music, I can heeear muuusiiic” “Sr. Gustavo, o doutor chama.” “Ah, tá bem.” E quando chegamos à porta do consultório já somos todos sorrisos para o doutor. O doutor é o maior. Apetece encher de beijos o doutor. Ainda dizem que estamos acima dos outros animais. Somos uns cocker spaniels autênticos.

O mesmo se passa nos semáforos. O gajo da frente bem que pode demorar horas a arrancar no sinal verde, que a nossa opinião dele só está dependente de uma coisa: que a gente se safe. Se a gente se safar, nem que seja já com o sinal vermelho, todo o comportamento socialmente reprovável do indivíduo, como aspirar os tapetes do carro enquanto a gente espera que ele arranque e o insulta por todos os poros, é totalmente esquecido. Mas se a gente não se safar, ele é a maior besta do mundo e é por causa de pessoas como ele que o mundo está como está e isto assim não vai para a frente. É tudo uma cambada de egoístas e no tempo dos meus avós não era assim. É preciso fazer alguma coisa urgentemente.

É por isso que eu não acredito no comunismo. Por causa do semáforo. Porquê, não sei ao certo, mas algo me diz que há uma ligação extremamente directa semáforo-comunismo.

Conselhos para o marido modernaço

VEJA O VÍDEO DO POST ANTERIOR ANTES DE LER ISTO. SE NÃO QUISER, VEJA UM VÍDEO QUALQUER À SUA ESCOLHA. O IMPORTANTE É QUE VEJA UM VÍDEO.

Marido,
- Nunca abandones a tua mulher quando fores de férias.
- Se tiver mesmo de ser, tenta não fazê-lo à beira da estrada. Isso já está muito batido.
- Não dês sempre restos à tua mulher, de vez em quando compra-lhe uma lata de Pedigree Pal, para ela ficar mais contente.
- Leva a tua mulher a passear. As mulheres precisam de espaço; precisam de correr.
- Não te esqueças, és a cabeça da mulher, por isso tenta não te divorciar, ou vais sujeitá-la à terrível humilhação de andar por aí feita parva a espichar sangue por todo o lado, qual peru decapitado.
- Cuida da mulher como do teu corpo, põe-lhe after shave de vez em quando.
- Se a tua mulher te roer os chinelos dá-lhe uns açoites, para ela aprender.

Para os lados de Viseu, ainda este Verão

Cá está a prova de que a bíblia não é um livro desactualizado e ainda nos pode ensinar uma ou duas coisas bonitas.
E que bem que lê a pequena Tatiana.

Saturday, July 18, 2009

Intelectual de bairro

Quando a pessoa pensa que já tem uma razoável colecção de cromos e que já quase pode enviar o cupão para a Panini a pedir os 30 últimos, eis que surge um cromo raro.

Trata-se de um gajo pançudo, em tronco nu, num churrasco, que fala de Popper, Heisenberg e Espinoza. Um sujeito bem falante que disserta sobre Heidegger, Bertalanffy e Bohr enquanto destrói um pedaço de entrecosto e rebenta com uma fatia de entremeada. E quando chega a altura de acompanhar com a mini eis que dispara: “Já leste «O que é a vida» de Schrödinger?” O que é que uma pessoa faz perante isto? Há perguntas que nos paralisam como um dardo de curare. Bem, o que vale é que o visado desta interpelação não fui eu, foi um amigo meu, que parecia visivelmente perturbado com a pergunta. Não pela pergunta em si, mas por todo um contexto capaz de rebentar com qualquer caixa dos fusíveis numa só descarga. Nesse dia caíram-me vários mitos e preconceitos da intelectualidade. Um verdadeiro recorde pessoal. Afinal era possível discutir Popper, a isenção da ciência e a observação dedutiva com gordura a escorrer das beiças.

Contudo, fiquei um pouco desiludido, porque o sujeito revelou-se apenas um gordo repositório de teorias da conspiração. Nunca vi tanta teoria da conspiração por milissegundo. Impressionante. Aquilo parecia o contador da electricidade com os aquecimentos domésticos no máximo. Era uma atrás da outra. Queres uma teoria da conspiração sobre a introdução do chouriço no caldo verde? Ou porque a pasta de sardinha se chama Manná? Arranja-se. Não sei como é que alguém consegue sair à rua com um tal grau de paranóia. Ou sequer espreitar com os olhitos de fora dos lençóis. Mas ele parecia todo contente a derreter picanha e salsicha. E quando o meu amigo, sentindo-se obrigado a responder à pergunta schrödingeriana, sob pena de lhe ser arrancada a cabeça à dentada, teve a admirável coragem de confessar que por acaso até tinha lido e não concordava muito com as teorias do tal senhor – e assim que o faz tem imediatamente de se encolher, porque não se larga uma bomba destas a escassos centímetros de um tiranossauro sem esperar resposta – eis que o monstro, quando se esperava que lhe fosse abrir o crânio para raspar o cérebro e delamber os dedos, responde simplesmente: “Mas não é uma questão de concordar ou não. Não é uma questão de concordar ou não. O que interessa é a mensagem!”, diz o bicho mastodonticamente arregalado; de tal maneira, que o meu amigo até sentiu uma rajada de vento a trespassá-lo. Uma tirada cliché destas não se apanha todos os dias, mas eu ouvi-a, meus amigos, isso já ninguém me tira. Já vou para a campa de barriga cheia. De facto, há mensagens que não se discutem. Esperemos que ele não pense o mesmo do Mein Kampf.

Mas quando um gajo do churrasco em tronco nu fala a este nível, já estamos perante um passo evolutivo da humanidade.

Monday, June 1, 2009

Acabem-me com as séries de hospitais

Acho que qualquer série que apareça que não seja de hospitais, devia ganhar logo uma nomeação para os globos d'ouro. bjs.

Sunday, April 12, 2009

Orçamentos "a posteriori"

Eis uma definição interessante, que encontro com frequência na indústria da oficinagem automóvel.
Sequência de acontecimentos ao deixar o carro na oficina:
- Depois queria um orçamento, se faz favor.
- Sim senhor, esteja descansado.
(no dia seguinte, telefonema da oficina)
- Está, Sr. Gustavo, o carro está impecável. Nem foi preciso pedir peças. Uma hora e meia de mão-de-obra... são 45€ sem IVA.
- (convulsões cerebrais da minha pessoa) Espere aí. Mas o carro já está arranjado?
- Está. Foi uma sorte, foi só desmontar e como não era nada de especial, arranjou-se logo.
- Mas eu tinha pedido um orçamento.
- Sim. 45€ sem IVA.
- (cérebro em tilt total) Mas deviam-me ter dado primeiro o orçamento. A mim isso soa-me mais a uma conta.
- Não sei como é que na sua profissão, mas nós temos de desmontar para ver o que se passa.

Daqui para a frente não interessa muito. Apenas conversa chata, comigo a tentar explicar ao senhor, de todas as formas que os meus circuitos cerebrais permitem, a definição da palavra “orçamento”, apesar de estar solidário com a questão da desmontagem para diagnóstico do paciente.

Depois de muito insistir, o senhor lá acedeu a fingir que eu tinha razão. É o que se chama vencer pelo cansaço. O que é um bocado irritante. Porque o senhor tinha uma manifesta dificuldade em perceber a diferença entre conta e orçamento. Talvez lhe devesse oferecer um bom dicionário. Nos cornos. Quem sabe da Academia das Ciências. Uma oferta em 2 volumes. Uma nos cornos. Outra nas trombas.

Gostava de ver este senhor no restaurante. Aposto que no final do almoço vira-se para o empregado e diz:
- olhe desculpe... era o orçamentozinho, fáchavor.

Era interessante se isto acontecesse ao Governo na construção de aeroportos e TGVs:
- tá, Sr. 1º Ministro, isto já tá feito.
- Já tá feito? Como assim?
- Foi uma sorte, nem foi preciso mandar vir peças do Japão. Havia aqui material em Espanha e aviou-se logo a obra.
- Mas eu tinha pedido um orçamento.
- São 5 mil milhões de euros sem IVA. Se quiser com IVA é mais um cheirinho.
- Um cheirinho?
- Passe por cá quando quiser. Pode pagar com multibanco, se quiser, não há problema. Fique bem. Beijinhos.

Saturday, March 28, 2009

Ideia para casa de banho masculina


Dois manípulos na porta, do lado de dentro. Para separar os que lavam as mãos depois das necessidades dos que não se dão a esse trabalho. Não me venham com conversas que homem que é homem mama com as bactérias alheias de mão cheia. Quero ver quem é o homem que diz o mesmo em relação a não usar preservativo. “Venham de lá esses vírus.”

Enfim, ainda há uns quantos. Especialmente o Papa. Ah, espera, o Papa não conta. E daí, nunca se sabe. Piada foleira, eu sei. Sua Santidade que me desculpe. Mas aquela da abstinência para africanos também não ficou muito atrás. Este Papa é um pagode. O que é que vem a seguir, proibir o adultério em estrelas porno casadas pela igreja? É tão giro este Papa. Às vezes até dá vontade de adoptá-lo e levá-lo a casa de amigos. “Ó Bento, diz lá aquela da abstinência.” Ele diz. Risota geral. A seguir dão-se umas festinhas no queixo. E pronto, Habemus Pagode. Tão giro que é este Papa. Apetece transformar em peluche e apertar. Até se podia fazer um brinquedo chamado My Little Pope. Penteava-se Sua Santidade e brincava-se a tirar e pôr chapeuzinhos.

Friday, March 27, 2009

A Torre de Belém é mais interessante do que eu pensava

Até há bem pouco tempo a Torre de Belém não passava de mais um monumento desenxabido, do tempo dos romanos ou dos suecos ou lá o que é.

Mas este post veio mudar tudo.

É impressionante, porra. é que é mesmo. até a porcaria das guaritas, ou lá como se chama aquilo, parecem patas.

Sunday, March 8, 2009

O que é que se passa nos concertos de música clássica?

É só gente fina, a nata da nata, celebridades para todos os gostos, muitos visons, muita marta, muita coisa, os cabelos mais bem lacados da sociedade, muito protocolo, um ambiente de tal solenidade e realeza que a pessoa até se sente mal em sussurrar uma vez que seja ao ouvido de outrém. Mas eis que acaba um andamento musical e rebenta a nojeira absoluta. É só gente a pigarrear por todos os lados, com os pigarros bem puxados atrás. Aquilo parece um escarradouro. E tosse compulsiva de urso. Parece que não tossem há 6 meses. É um nojo completo. E aposto que os que mais escarram são os mais puristas e os primeiros a dizer shhh à primeira oportunidade. Um par da estalos naquelas trombas. Santa paciência.

Por favor, tirem-me estas palavras da frente

Esta tendência de democratização do luxo e respectivo vocabulário já me está a dar nojo. E há palavras que eu já não suporto e que me provocam vómitos mentais (e náuseas e enjoo e mau olhado, todo o tipo de efeitos secundários), são elas:
gourmet
charme (geralmente na variante ‘hotel de’),
golfe (especialmente interessante quando pronunciado “gólfe”; “onde vais?” “vou jogar gólfe. com os meus sapatos de gólfe.” ),
design,
spa,
premium,
prestígio (“ora aqui está uma bróchura de prestígio” – sim, o ó está acentuado de propósito),
degustação
chef (apenas tolerável na expressão “ó chef...”, seguida de assobio com a mão)
lounge


E depois há outras palavras também interessantes que se começam a espalhar de forma preocupante, como fun (o jaime gama é muito pouco fun), happy (as cores dos iron maiden não são nada happy) e outras anglofilias insuportáveis.

Tchinquenta mili eurofichês

Estava no início da puberdade. O meu corpo explodia hormonas por todos os poros. Por isso foi com gosto que acolhi a chegada do primeiro programa erótico da televisão portuguesa, um concurso de strip que apareceu nos primórdios da sic, com o belo nome de Colpo Grosso.

E o que dizer desta coisa inenarrável? Aquilo era suposto dar tusa a alguém? Aquela espécie de cabaret de vão de escada? É que até eu, que nessa altura sonhava em ir para a cama com 500 mulheres ao mesmo tempo – sempre fui uma pessoa realista –, não conseguia senão achar aquilo nojento. Eu bem que via aquilo esperançado. É agora, é agora que se vai ver alguma coisa de jeito. Mas não, nada. Não havia ali nada que conseguisse produzir estímulo numa única célula nervosa. Tudo era feio naquele programa. E tinha um ar deslavado e decadente. Ca nojo.

A começar pelo apresentador, um tal de Umberto Smaila, a coisa mais asquerosa à face da Terra. O próprio nome é gorduroso. É o único ser humano que consegue estar acima do Jabba The Hutt na escala de asco universal. Suava que nem uma porca. E aquele bigode ridículo... Meu deus, que criatura tão seborreicamente assustadora.



E o que dizer das saudosas Ragazza Cin Cin. Cada uma mais jeitosa que a outra. Jamais esquecerei aquela música, a coreografia, a apoteose.







Até hoje guardo na minha memória expressões e musiquetas inestimáveis como:
- Colpo grosso, colpo grosso, col-po gros-so (e seguia-se o flash colectivo)
- Allora, il mirtillo (e a moça vestida de mirtilo tinha que dar o mamilo ao manifesto. Sim, porque o outro mamilo ficava sempre coberto pela respectiva fruta. um pequeno toque de classe e erotismo como poderão constatar nos vídeos)
- ancora um strip di Bruno Giordesi, di Cremona, per trenta mili eurofichês.

Mais um programa com a chancela de qualidade da rai. É impressão minha ou a rai demonstrou que é possível construir uma estação de televisão só à conta de gajas boas e crianças histéricas (sim, não nos esqueçamos do zecchino d’oro e derivados, que é como quem diz o Sequim d’ouro)? Se calhar é essa a definição em itália de serviço público.

E há que agradecer também à sic, por esta pérola que nos ofereceu. Uma das muitas com que nos brindou no início da sua existência.

E aqui ficam os bloopers:

Monday, January 5, 2009

Filmes de ficção científica

Por que é que nos filmes de ficção científica a acção se passa num futuro tão próximo do nosso?

No blade runner em 2019, no exterminador a Terra é dominada por ciborgues em 2029. E em muitos destes filmes é suposto viver-se num mundo altamente robotizado e espacial, em que o veículo de transporte do cidadão comum é uma nave, já ao virar da esquina cronológica. E já agora, por que não ler esta sinopse de Conan, O Rapaz do Futuro:

“Tudo começa em Julho de 2008. A Humanidade enfrentava a ameaça da extinção. As armas ultra-magnéticas, muito mais devastadoras que as armas nucleares, tinham destruído metade do planeta. A crosta da Terra tinha sofrido enormes movimentos, e o próprio eixo tinha sido desviado. Os cinco continentes tinham-se afundado no mar.”

Eu já estive em Julho de 2008 e a coisa mais devastadora que vi acontecer foi a celebração dos meus 31 anos, que me afastam definitivamente dos 20s. E que eu saiba em 1984 também não havia nada de transcendentemente tecnológico. Só se fosse o Chuckie Egg.

Mas por que é que esta gente da ficção científica, que geralmente traça um retrato tão negro e pessimista do ser humano – que é tão estúpido que não prevê as consequências dos seus actos e geralmente tudo redunda em catástrofe, e em que vá lá que há sempre um herói por perto que salva a situação, senão estávamos fritos –, vê a evolução humana de forma tão optimista?

São uns esquizofrénicos, é o que estes gajos da ficção científica são.

Em 2019 com sorte vai haver um aeroporto em Alcochete. Quais auto-estradas espaciais, quais o quê. Mas esta gente é parva ou faz-se?